Finalmente o Maestro PETRONILO
MALAQUIAS receberá grande homenagem em Carnaíba, terra que ele escolheu para
fixar residência, casar e constituir família. Trata-se do Conservatório
Carnaibano de |Música que receberá o nome desse ilustre Maestro e grande homem
de alma pura, simples e humilde.
Petronilo
nasceu no dia 31 de Maio de 1906, no Sítio Tabocas, Município de Santa Cruz do
Capibaribe. Filho de Carlos Malaquias e Maria Francisca da Luz.
Veio de uma família de dez irmãos, todos criados na zona rural. Por não haver
escolas onde morava, so havia nas cidades grandes, seu pai contratava um
instrutor para ensinar aos filhos ler e escrever e dominar matemática,
instrumentos fundamentais para a prática do comercio utilizada por sua
família.
Descobriu sua paixão pela música ainda muito
cedo, por isso procurou aprender a tocar violão, tornando-se um autodidata,
isto é aprendendo sozinho.
Seu aperfeiçoamento em violão deu-se
tempos depois com o professor Edgar em Santa Cruz do Capibaribe.
Em pouco tempo destacou-se por
sua sensibilidade, agilidade e criatividade musical.
Seus
acordes impressionavam a quem o escutava. Não satisfeito com aquele limite continuou
sua caminhada na arte de tocar violão por isso vai estudar teoria e harmonia
com seu amigo Cazaquinha, comerciante e violonista em Caruaru.
Foi assim que aprendeu a ler e
escrever as notas musicais, dominando violão. Nesse tempo passou, também, a
tocar Banjo e Cavaquinho.
Sempre pensando em avançar
mais na música, vislumbrou novos horizontes musicais indo para Belo
Jardim onde deu continuidade aos estudos musicais com o professor Vigarinho e
teve como colegas de turma dois mestres famosos: Professor Ulisses Lima e
Manoel Pereira conhecido por Manoel Bombardino.
De Belo Jardim Petronilo
Malaquias resolveu conhecer outras paragens do Sertão e sendo amante do
romantismo da época, participava de noites de serestas tocando habilmente seu
violão por isso atraído pelas rodas de música em Sertânia, conheceu o Senhor
Milton Pierre que o convidou para vir a Carnaíba. Isso foi no ano de 1935, numa
noite enluarada, que estava havendo um encontro de grandes seresteiros.
A
partir dai os carnaibano passaram a ouvir um violonista apaixonado pela música
que sabia expressar, perfeitamente, seu amor a essa arte, pelo dedilhar das
notas musicais com o coração e a alma, num violão iluminado sobre a regência de
Euterpe (Deusa da música, Musa inspiradora da música e dos prazeres).
Foi
um seresteiro apaixonado e encontrou em Carnaíba parceiros que o acompanhava,
pelas noites românticas de Carnaíba como: Enoque Gomes, Zé do Banjo, Israel
Gomes e Zé de Ana. Já trazia sua bagagem musical aprendida e aperfeiçoada em
Belo Jardim, razão pela qual encantou - se com a Banda Filarmônica Santo
Antônio e desejou fazer parte da mesma. Começou a aprender tocar Tuba, ao mesmo
tempo que iniciou o processo de escrever músicas, fazendo isso através do
violão de onde extraia as notas das escalas musicais. De uma simplicidade
admirável, não era egoísta e imediatamente usou todo o seu aprendizado como
professor de música e regente de bandas, iniciando em Carnaíba, Flores(1969
a1973), Serra Talhada (1974 a 1978) e Princesa Isabel (1967 a 1968).
Em momentos de inspiração compôs:
* Choros: Quentura de Mulher; Choro por ele; Não
vá chorar.
*Baiões: Peleja, mas não cai; Briga de galo.
* Valsa: Mercês.
* Marchas de Procissão: São João Vianney; Nossa
Senhora da Conceição.
* Dobrados: Nelito Gmoes; Arnoud Santana; Hildo
Pereira; Antônio Luiz.
* Frevos: Frevo em Flores; Carnaíba no Frevo;
Tempestade; Forasteiro; Jogando brasa.
Criou o Hino de Flores (
consta no livro Pajeú das flores).
Constituiu
sua família em Carnaíba, casando -se com Maria das Mecês Nunes, tendo os
filhos: Ailton (músico), Zelo (músico), Cacá ( músico), Gilson ( músico),
Maninho (músico), Vilberto (músico), Alda e Petuca (de vozes belissimas),
Zélia, Gil, Neumam, Joana e Betânia.
Fora a profissão de músico e
Maestro, também exercia a de alfaiate e compositor, considerado um herói por
sua sensibilidade e a preocupação com a estética humana. Sua autenticidade como
Maestro e pai e reconhecível pela humildade com que ensinava a arte musical e a
costura. Sabia reconhecer seu erro e recomeçava em busca do acerto e da
verdade.
Petronilo Percorreu todas as vias do seu
caminho de forma criativa e sensível, permitindo - nos ouvir boa música, sentir
e pensar sobre ela.
Homem
corajoso, persistente, de fé, honesto, ético, solidário, criador, produtor,
qualidades indiscutíveis, de Petronilo que passou valores para a família e
todos que o conheceram.
Seu
maior legado registra-se na competência criadora, na transfiguração do visível,
do sonoro, do movimento, da linguagem, dos gestos em obras artísticas. O
maestro exprimiu a relação entre a ela arte e o conhecimento, exprimindo por
meios artísticos a própria realidade, desejoso de revelar a seu universo aquilo
que todo músico pretende: a cultura, a sensibilidade, a beleza e a definição do
mundo sonoro, foi um imortalizado da nossa cultura por meio da música, mesmo
rigoroso, às vezes, mas sobretudo criativo porque via a realidade de forma
singular e sob usar sua intuição, memória, imaginação e subjetividade para
revelar a beleza do sentir que é o mais belo legado humano. Petronilo Malaquias
faleceu em 8 de Junho de 1983, e deixa a arte perpetuada.