sexta-feira, 21 de dezembro de 2012

Nessa Segunda Feira, dia 24 de Dezembro de 2012, se estivesse vivo faria 100 anos o Maestro Israel Gomes de Lima, sempre chamado de seu Israel.
Um homem de muito conhecimento musical e um mestre no tratado das notas, deixou relevante herança em Carnaíba e em outros Municípios onde trabalhou com responsabilidade, gosto, fazendo da arte de ensinar música um legado especial para as gerações que aprenderam com ele e ainda hoje reproduzem essas lições de amor a música.
Carnaíba reconhece, admira e agradece por esses relevantes serviços que Israel Gomes prestou em nossa comunidade.
Quando ouvimos a MARCHA DE SANTO ANTÔNIO, sentimos uma emoção muito grande  lembrando nas Festas de Santo Antônio a Banda que desfila na matina... quantos de nós carnaibanos temos chorado lembrando dos familiares, amigos, passagens da nossa vida, enfim, se estamos ausentes rememoramos nossa querida Carnaíba e se estamos presentes sentimos a ausência de outros, e isso é uma emoção que não tem preço, quando a Banda toca.
Como é bom passar pela vida e deixar boas recordações, como Israel, Petronilo e outros que nos alegraram com sua música!
Como é bom que as marcas deixadas sirvam de exemplo para encaminhar nessa vida!
Como é bom Carnaíba poder festejar 100 anos de nascimento de um homem digno, de um pai amoroso, de um amigo afetuoso e solidario, de um Carnaibano integro.
Parabéns aos filhos:
SÔNIA, CARLOS, DÁRIO, SILVANA E ANCHIETA pelo exemplo de vida que ISRAEL GOMES deixou servindo de orgulho para vocês uma história de vida que não acabou porque enquanto se ouvir falar de música em Carnaíba, seu pai não morrerá.
A Escola de Música Maestro Israel Gomes solidariza-se com a família e todos os carnaibanos por esse século de vida exemplar, orgulhando-se de trazer seu nome em sua denominação.

MARIA MARGARIDA PEREIRA AMARAL DE LIRA


ISRAEL GOMES DE LIMA
Maestro


            O anúncio da chegada do Salvador ao mundo, trouxe novas perspectivas de renovação da esperança em dias melhores para os homens na terra.
            A preparação para acolher nos braços o menino Deus, o prometido Emanuel, a ansiedade para mirar os olhos naquele que nos promete a salvação, certamente foi a emoção que invadiu Maria e José.
            Esse sentimento, sem dúvida, foi o mesmo que acometeu o tenente Dário Gomes Patriota e sua esposa Tertuliana Martins de Oliveira no dia 24 de Dezembro de 1912 quando receberam nos braços seu filho Israel, enviado por Deus para dar a luz aos que nele quisessem enxergar as notas musicais.
            Aqui em Carnaíba, no Bairro de Carnaíba Velha, de propriedade do seus pais Israel Gomes de Lima enxergou o mundo pela primeira vez.
            Ainda criança revelou aptidão pela música e aos 8 anos de idade começou a estudar com o maestro Zé Queiroz e aos 9 anos já subia num tamborete para fazer suas apresentações.
            Seu primeiro instrumento foi o clarinete seguido da requinta e do sax, sendo esse ultimo o seu favorito.
            Na escola tradicional estudou até a 3° série, aproveitando esse ensino de qualidade da época para bem administrar as dificuldades de leitura e os cálculos da Matemática.
            Logo mais, descoberto o seu gosto pela música, e o empenho para aprender bem, foi notado pelo regente da Banda Filarmônica Santo Antônio de Carnaíba, sendo convidado para compor essa entidade, tocando Bombardino.
            Logo cedo revelou-se estudioso da música, aproveitando todos os momentos para ler, no que foi aprimorando  seus conhecimentos musicais.
            Rapaz moço, casou-se com Laura Mendes de Lima, começando a constituir sua família com os filhos Sônia Maria, Carlos, Dário, Anchieta Patriota e Silvana Maria.
            Reconhecendo que a música somente não lhe daria condição de viver e manter sua família, conseguiu ingressar na Secretaria da Fazenda do Estado, efetivando-se como Agente Arrecadador, ou seja, Fiscal de Mercadoria em Trânsito.
            Os tempos passaram e Israel Gomes passou a ser reconhecido como um grande músico e como havia necessidade de maestros para ensinar música à juventude carnaibana, o mesmo foi indicado e por suas mãos passaram grandes aprendizes que no futuro seriam grandes músicos como: Beto Amaral, Dinamérico Lopes, Expedito de Sula, Geraldo Campos, Severino Henrique, os irmãos Toinho e Deda Martins, Severino Caguim, Edmilson Lopes, Toinho Barbosa, Cacá Malaquias, Vianney Mendes e tantos outros.
            Seu trabalho notável atraiu a atenção de outros municípios e entre um momento e outro da história política de Carnaíba, ofereceu seus préstimos aos municípios de Buique, Arcoverde, Caruaru, Custódia, Afogados da Ingazeira, Serra Talhada, Flores, Triunfo, onde estabeleceu grandes vínculos de amizades e reconhecimento ao seu trabalho, sendo que em Carnaíba trabalhou por mais tempo, quase toda sua vida.         
            Nas suas horas vagas dedicava-se a ler, ouvir música no rádio e principalmente produzir belas composições, a exemplo da Marcha de Santo Antônio, a melodia do hino de São João Maria Vianney, Sônia Maria e Silvana Maria dedicadas as suas filhas, o Frevo Pai me dê 100, dedicado ao seu filho Anchieta Patriota, Zedantas Filho e Sublime Revelação que fez para o grande amor da sua vida, a esposa Laura Mendes, entre outras composições.
            Inspirado compositor, seu trabalho pautou-se em músicas sacras, dobrados e valsas.
            Como maestro, formou grandes bandas de carnaval, tocando em várias cidades, bem como orquestras de baile e conjuntos animadores de circos que visitavam a cidade.
            Sua grande preocupação com a família a quem dedicou todo o seu amor, era que seus filhos trilhassem por uma profissão que não fosse a música, embora todos entendam dessa arte, porque na época não oferecia grandes vantagens e o que ele desejava era encaminhá-los bem na vida, usando até um dito popular quando se referia a causa: “eu vendo até o facão da cozinha para formar meus filhos, principalmente se for em medicina”.
            Como cidadão carnaibano, também envolveu-se nos movimentos políticos da época, incentivando seu concunhado Milton Bezerra das Chagas conhecido como Milton Pierre, então primo legitimo do governador Etelvino Lins, para encabeçar a luta pela Emancipação Política de Carnaíba, obtendo sucesso em 30 de dezembro de 1953, quando Carnaíba é desmembrada do município de Flores.
            Ficou viúvo em 1963 e a partir daí estabeleceu uma rotina para desabafar seu sentimento de nostalgia, diariamente, às 18:00 horas,  tocava incansavelmente belas valsas, certamente preenchendo a saudade da sua companheira, momento de sensibilidade para carnaíba que o ouvia e partilhava daquele momento dolente, de lágrimas, com respeito e admiração.
            Foi um grande colaborador e prestativo quando chamado em benefício das festas carnaibanas. Sentimental, era tomado de emoção quando tocava ou ensaiava alguma música que lhe trazia saudosas recordações, chegando até a chorar de emoção.
            Foi um mestre rigoroso e exigente da perfeição quando se tratava de ensinar música, mas Deus entendeu que sua missão estava cumprida e, como o salvador do mundo, numa sexta feira da paixão em 20 de Abril de 1973, foi chamado para o céu.
            Assim, seu ciclo de vida se cumpriu quando vivia 60 anos de juventude, porque quem executa ou aprecia a boa música nunca envelhece, e jamais será esquecido, será sempre lembrado como um eterno jovem.



Escrito por: Maria Margarida Pereira Amaral de Lira, em 24 de Dezembro de 2012.

                                            Maestro Israel Gomes

                                1912-2012

                                                                  100 anos






segunda-feira, 26 de novembro de 2012

Assembléia dos Artistas

No dia 04 de Agosto desse ano, em Afogados da Ingazeira aconteceu a I Assembléia dos artistas do Pajeú, organizada pelo Padre Luizinho e os poetas da região, quando foi discutida a situação desses artistas, principalmente os do repente e lá ficou marcado um 2° encontro para 24 de Novembro em Tabira, uma vez que as eleições já teriam decidido o pleito de 2013-2016 e os novos prefeitos poderiam participar e receberem uma carta aberta com sugestões a serem incluidas nos seus planos de trabalho. Passado esse período o convite foi feito aos 17 Municípios, porém somente Zé Mario de Carnaíba e Sebastião Dias de Tabira compareceram, o que consideramos uma pena a ausência dos demais. O encontro foi positivo, contou com uma palestra do prefeito de Carnaíba Anchieta Patriota que expôs a linha de trabalho de Carnaíba na área de cultura, destacando -se pelo investimento que foi feito no Município, a valorização do produto da terra e o que conseguiu com outros órgãos para melhorar o aspecto de sua cidade, tais como parcerias e benfeitorias: Escola de Música, Teatro, Conservatório, Pátio de Festas etc. Vejamos a carta que será entregue a todos os Municípios:

Carta aberta dos artistas do Pajeú aos gestores municipais da região-período 2013-2016


Nós, os poetas repentistas, declamadores, poetas de bancada, apologistas e defensores da cantoria nordestina, os artistas comunicadores e produtores culturais de modo geral, sob a liderança dos poetas da região, preocupados com a desvalorização da cultura local em favor da cultura de massa que assola a nossa região, ensaiamos nosso grito de alerta por um Pajeú integrado ao seu imenso cabedal poético, motivo de orgulho para os dezessete municípios que enverdecem o vale da música e da poesia.
Temos conhecimento das enormes dificuldades que os gestores enfrentam para a difusão e apreciação de manifestações artísticas através das políticas públicas atreladas ao gosto popular ( gostos que se chocam ), mas queremos lembrar que o acesso aos bens culturais atuam como reconhecimento de direitos capazes de promover a cidadania e alegrar os horizontes sócio-culturais de uma determinada região. Afinal, a arte popular é fonte original da alma de um povo.
Temos presenciado a perda de muitas referências que, tradicionalmente, nos distinguem de outros municípios e regiões pernambucanas.
Nossos costumes e jeito de ser pajeuzeiro são empurrados ou diluídos por um processo midiático de cultura de massa ou pelos modismos. Tudo parece dizer que, em virtude das carências climáticas e econômicas, o acesso a arte é um direito menor.
Sob este enfoque, reivindicamos aos senhores gestores municipais um novo olhar para os artistas da comunidade no intuito de preservar memórias e histórias, estimular e promover ações voltadas para a cultura de raiz e o fortalecimento das manifestações populares, ao que sugerimos:

. Direcionar equipes de trabalho que realmente entendam e estejam dispostas a explorar as diversas linguagens artísticas que contribuem para a reafirmação de nossa identidade cultural;

. Ver a música no Pajeú como política pública de inclusão social, oportunizando o acesso aos bens culturais e à produção local, quebrando assim o cordão que sustenta a força dos shows e outras manifestações em praça pública denominadas de lixo cultural:

. Ver a poesia pajeuzeira como expressão maior do povo do sertão, sem jamais excluir as demais manifestações artísticas da região;

. Elaborar calendário municipal e favorecer o intercâmbio entre os dezessete municípios do vale do Pajeú, criando um comitê intermunicipal de cultura do sertão do alto Pajeú;

. Valorizar o artista da região, sendo obrigatória a sua apresentação em todos os eventos culturais bem como repensar o valor da sua remuneração em comparação ao que é pago ao artista de fora;

. Implantar e apoiar feira regional de cultura itinerante do Pajeú (FERCIP ) como forma de difusão dos valores culturais presentes, nos dezessete municípios do Pajeú, englobando todas as linguagens de arte.

Na certeza de que não há pátria sem acesso aos bens culturais, deixamos aqui registrados os versos do poeta Dedé monteiro, ao tempo em que desejamos aos novos gestores municipais sucesso e grandes realizações.

São dezessete lugares,
cidades simples e belas!
e eu oferto a todas elas
minhas glosas populares.
que deus que é pai destes ares,
possa também transformar
o Pajeú num lugar
que possa se sustentar
sem precisar de favores.
"Deus é Pajeú das flores,
pra ele eu posso cantar".

Atenciosamente, participantes da 2° assembléia dos artistas da região do Alto Sertão do Pajeú

Tabira, 24 de novembro de 2012

quarta-feira, 21 de novembro de 2012

Visita da Orquestra Sinfônica Jovem do Conservatório Pernambucano de música a Carnaíba nesse domingo, dia 18 de Novembro de 2012.

Visita da Orquestra Sinfônica Jovem do Conservatório Pernambucano de música a Carnaíba nesse domingo, dia 18 de Novembro de 2012.

A Orquestra Sinfônica Jovem do Conservatório Pernambucano de música, ao realizar o circuito 2012 pelo  Estado de Pernambuco, entre as Cidades do Sertão, incluiu, também, a cidade de Carnaíba para fazer sua apresentação, oferecendo um concerto musical misto de musica popular e clássica, num belo espetáculo realizado na Igreja Matriz de Santo Antônio, que esteve lotada de pessoas e de aplausos emocionados. Carnaíba não deixou por menos, os alunos da Sinfônica mirim da Escola Maestro Israel Gomes deram um show de interpretação, regidos pelo maestro Cacá Malaquias e todo povo presente entoando uma melodia natalina. Aplausos para a Orquestra Sinfônica Jovem do Conservatório   Pernambucano de Música, para a Sinfônica infantil de Carnaíba e para todos nós que tivemos o privilégio de assistirmos tão belo espetáculo musical.









Projeto: VI Despertar da Conciência Negra, Quilombola de Carnaiba comemoraram neste domingo dia 18/11 o dia da consciência negra a festa aconteceu no sítio Gameleira com apresentações culturais de várias localidades de Carnaiba e Custódia, grupos de coco, Bandas de Pífanos e show com DJ Petão.










quarta-feira, 24 de outubro de 2012





CONVOCATÓRIA

            Convocamos todos os representantes dos meios de comunicação falada ou escrita: jornais, rádios, blogs, sites etc a comparecerem a Sec. De Cultura nesta Quarta Feira de 09:00 h às 13:00 h para procederem seu cadastramento com referidas credenciais e com elas terem acesso ao palco e camarim dos artistas durante a XIX Festa do Poeta e Compositor Zedantas.
            Avisamos aos interessados que sem esse procedimento será vetada a entrada nesse espaço.


            Carnaíba, 24 de Outubro de 2012.


                                   Maria Margarida Pereira Amaral de Lira

terça-feira, 18 de setembro de 2012

                   GRUPO DE PÍFANOS DO TRAVESSÃO DO CAROÁ


Esse grupo existe desde a década de 40, quando Zé  Biá (pifeiro), Januário (pifeiro), Raimundo (zabumbeiro), Zezé (caixa), e Manoel (rebeca), família Saviano, reuniram –se para iniciar o grupo que sobrevive até hoje, com os ensinamentos passados de geração a geração.
Essas pessoas, quilombolas, instaladas na região do Moxotó, município de Custódia – PE, faziam suas apresentações em toda região.
Com o passar do tempo, o sobrinho dos iniciantes, José Alfredo da Silva conhecido por Dezinho Pifeiro, morando nas proximidades no Sítio Caxi, observando os tios, acompanhando essas funções, foi aprendendo a tocar o pífano, a zabumba e a caixa.
Sentindo que o grupo iria se desfazer com a morte dos fundadores, tratou de organizar –se e ensinar aos seus irmãos: Agenor ( pifeiro) Brasiliano(zabumbeiro) e seu primo Antônio Manoel (caixa), para continuar com o grupo, quando já moravam no sítio Inveja, no Município de Carnaíba.
Juntos ensaiavam e tocaram a primeira festa no povoado de Queimada Grande, no Município de Afogados da Ingazeira, no dia 12 de Julho de 1975.
Por força das circunstâncias saíram do Município para outros setores, mas retornaram e se fixaram até hoje, no Sítio Travessão do Caroá em Carnaíba.
Ao mesmo tempo que a Banda de Pífanos dos tios continuava viva, a de Dezinho começou a ficar conhecida, daí tios e sobrinhos se revezavam nas apresentações.
Com a divulgação desses grupos, o de Dezinho passou a chamar a atenção dos apreciadores do pífano e em 1981 teve a oportunidade, juntamente com o grupo do tio, de se apresentar pela Rede Globo do Nordeste e na TV Universitária, levando – se em consideração o jeito eclético de tocar o pife, uma vez que o seu repertório baseia –se mais na canção regional, especialmente, Zedantas, exprimindo, também, a beleza da valsa, marzuca e dobrados.
Toca, sem nenhuma dificuldade, os hinos religiosos, e é capaz de sustentar uma grande festa por dias a fio.
Muito procurado, seu campo de trabalho vai de Carnaíba a Custódia, mas já começa a ser apresentado em outros lugares.
É, hoje, um exemplo para toda região do Caroá, que já tem uma escola implantada no Travessão, extensão da Escola de Música Maestro Israel Gomes, ensinando alunos para formarem novas bandas de pífano.
É cadastrado na Secretária Municipal de Cultura, Desporto e Lazer e tem sua sede no Sítio Travessão na residência do Sr.  José Alfredo da Silva, conhecido como  Dezinho do Pife,  presidente do grupo.

segunda-feira, 17 de setembro de 2012



GRUPO DE SAMBA DE COCO DAS ABELHAS

            Esse grupo de samba de coco das abelhas surgiu no final do século XIX, no seio da família Gonçalo que povoava a região do Moxotó em Custódia e o Caroá em Carnaíba.
            Os senhores João Quaresma e Antônio Gonçalo organizavam o grupo que dançava apenas de ano em ano nas festas das fogueiras, no mês de junho, visitando as casas de amidos e parentes.
            Quando o Sr. Antônio Gonçalo adquiriu um pedaço de terra no Sítio Brejo de Dentro no Município de Carnaíba, com a prosperidade da mandioca nas areias, organizou seu aviamento e, conseqüentemente, suas farinhadas.  
            Nas farinhadas grande número de pessoas eram convidados a trabalhar e outras iam apenas pela brincadeira, pois aí era o lugar propicio para conhecer pessoas, namorar, beber, comer e se alegrar.
            Animados pelas ocasiões, o Sr. Antônio Gonçalo resolveu formar um Grupo de Samba de coco e esse, composto por seus familiares, dançou pela primeira vez no seu próprio aviamento do Brejo de Dentro, mais ou menos nas décadas de 1920 a 1930.
            O povo começou a ver samba de coco como uma prática gostosa para aliviar o cançaso, enganar o sono e incentivar na produção do trabalho. Toda exaustão desaparecia ao toque do pandeiro que anunciava o inicio da pisada de coco, regado por uma cachoeira estimuladora.
            Daí, não parou mais e cada vez, o grupo crescia e era solicitado para animar as noitadas nas casas de farinha e assim foi passando de geração para geração.
            Como as farinhadas duravam de dois a três meses, o povo do Moxotó vinha se juntar ao Caroá, trabalhando, cantando e a mais famosa farinhada era no aviamento de Zé Gonçalo, nas Abelhas, onde havia as raspadeiras que mais sabiam cantar e dançar o coco.
            Ao chegar o pessoal do Moxotó eram usadas as expressões:
1.    VAMOS FOSTERAR ( andar de Aviamento em aviamento, farrando, namorando, cantando, ajudando a raspar mandioca);
2.    VENHA BOTAR CAPOTE PARA MIM (os rapazes raspam apenas a metade da batata e jogam para as moças raspadeiras que ficam reclamando, todos na brincadeira);
3.    PÉ DURO (os rapazes raspam a ponta da mandioca e jogam para as moças).
4.    VAMOS BARRER O CANTO (proposta para agilizar os trabalhos e a promessa de no final, dançar o samba de coco).
O tempo ia passando e os mais velhos sempre ensinando aos mais novos: os passos, as cantigas, o gingado excitante do coco e os serões continuaram nas farinhadas, sempre liderados pela família Gonçalo, sendo Zé Quaresma, Joaquim Gonçalves e João Rodrigues os tiradores ou  puxadores, enquanto outros, como Sebastião Gonçalves, rapaz ainda novinho, foi ouvindo, prestando atenção, aprendendo, gostando de folguedo e tratou de, com a saida dos mestres, juntar-se com seu irmão José João Gonçalo e assumiram o comando do Grupo, também como tiradores ou puxadores.
Já ensinaram aos seus filhos, netos, outros parentes e amigos que já dançavam extasiados, em rodas e requebras pela pisada do tamanco e o toque do pandeiro.
A sede do grupo é na residência do Sr. Sebastião Gonçalo e seu irmão Zé João, ainda participam, porém já pensam em passar a responsabilidade de direcionar o grupo para José Gonçalo Neto ( filho de Sebastião ) que se inicia na função de tirador e se compromete a divulgar esse legado de família, ensinando essa dança popular às próximas gerações.
Todos que brincam esse folguedo gostam mais quando se aproxima o final da apresentação, já na madrugada, na saída do Sol, suados e alvoroçados pelas tantas que a maioria bebe, e cantam assim:
Da manhã bem cedo, de madrugadinha
Vamos tirar leite da vaca mansinha
            Eita vaca!
Vaca da pastora, ta amarrada
Quando dá de manhãzinha
Que esta vaca ta zangada
Engenho de peroba gemendo
Pedindo cana, bota cana no engenho
Que o maquinista ta danado.
            Eita vaca!

E encerram assim:
O dia amanheceu, amanheceu, amanheceu
Dona de casa, adeus, adeus
Foi-se a noite, veio o dia
O samba acabou-se
O peba comeu
Amanheceu ( 3 vezes )

Nós agora vamos embora
Dona de casa vá desculpando
Se este samba não prestou,
Fica pro ano vindouro
Se todos nós vivos for...