quarta-feira, 30 de janeiro de 2013

Carnaval e sua História

Origem indefinida:
No entrudo português?

França?

Roma (orgias)?

Grécia? (colheita)
Carnaval no Brasil

Início – Meados do século XVII, influenciado pela Europa.


Blocos carnavalescos formando Cordões e famosos cortejos de automóveis, durante o dia e bailes nos salões, durante a noite.


Carnaval no Nordeste
Tradições originais de rua: blocos de frevo, orquestras, marchinhas, trios elétricos, axé, maracatus, caboclinhos, bonecos gigantes, fantasias, máscaras e mela-mela;
Bailes noturnos regados a grandes orquestras de frevo, marchas, fantasias e máscaras, confetes e serpentinas.
Carnaval em PERNAMBUCO
      Um dos mais animados no Brasil com grande participação popular em blocos,agremiações, orquestras, maracatus, caboclinhos ligados às tradições afro-brasileiras e indígenas.O povo dança e canta alegremente pelas ruas. A noite grandes bailes nos clubes, o passo bem marcado com diversas variações.
 TIPOS DE FREVO:

FREVO DE RUA
é frevo tocado por orquestra instrumental, sem adição de nenhuma voz cancionando.
Nos anos de 1930, com a popularização do ritmo pelas gravações em disco e sua transmissão pelos programas do rádio, convencionou-se a definir o frevo como "frevo de rua", quando puramente instrumental.
E ainda há subdivisões a partir do frevo de rua:
  • "    frevo de abafo", em que predominam as notas longas tocadas pelos metais, com a finalidade de abafar o som da orquestra rival;
  • "    frevo-coqueiro", uma variante do primeiro, formado por notas curtas e andamento rápido, onde os metais (geralmente trompetes e trombones) são mais valorizados, porque atingem notas mais altas, por isso a denominação, coqueiro;
  • "    frevo-ventania", de uma linha melódica bem movimentada, onde as palhetas (saxofones, geralmente) tem mais destaque na execução da música;
  • "    frevo de salão", um misto dos três outros tipos que, como o nome já diz, é próprio para o ambiente dos salões.  
  •  
  •                                   ABRE ALAS
    (Chiquinha Gonzaga, 1899)

    Ó abre alas que eu quero passar
    Ó abre alas que eu quero passar
    Eu sou da lira não posso negar
    Eu sou da lira não posso negar

    Ó abre alas que eu quero passar
    Ó abre alas que eu quero passar
    Rosa de ouro é que vai ganhar
    Rosa de ouro é que vai ganhar
  •  
  •                FREVO CANÇÃO
  •             O frevo-canção, tem uma introdução orquestral e andamento melódico, típico dos frevos-de-rua. É seqüenciado por uma introdução forte de frevo, seguida de uma canção, concluindo novamente com frevo.
          São vários os seus intérpretes, sendo os mais conhecidos Alceu Valença e Claudionor Germano. Entre os compositores de frevo-canção destacam-se Capiba, Nelson Ferreira, J. Michilles, Alceu Valença.

    MÚSICAS DE CAPIBA NESSE RÍTMO:  
    MANDA EMBORA ESSA TRISTEZA
    Manda embora essa tristeza
    Manda por favor
    Pode ser que essa tristeza
    Mate o nosso amor
    Tu andas tão triste, somente a chorar
    Mas por isso eu não vou me privar de dançar
    Tu sabes que eu faço o passo na rua
    Mas é pensando na imagem tua
    Tu pensas que eu levo de inverno a verão
    A dançar e cantar com o meu violão
    Mas, não é verdade, te digo afinal!
    Eu so faço isso pelo carnaval   


    FREVO DE BLOCO 
    Frevo-de-bloco é um frevo executado por orquestra de pau e cordas (geralmente composta por violões, cavaquinhos, banjos, bandolins, violinos, além de instrumento de sopro e percussão). É chamado pelos compositores mais tradicionais de "marcha-de-bloco".
          O frevo-de-bloco é a música das agremiações tradicionalmente denominadas “blocos carnavalescos mistos”. Seu aparecimento no carnaval de Pernambuco faz alusão a um dado histórico e sociológico: o início da efetiva participação da mulher, principalmente da classe média, na folia de rua do Recife, nas primeiras décadas do século XX.
          Há uma tendência atualmente de se adotar a denominação “blocos carnavalescos líricos”, que foi inscrita pela primeira vez no flabelo do bloco Cordas e Retalhos, fundado em 1998. Segundo Leonardo Dantas, no frevo de bloco está “a melhor parte da poesia do carnaval pernambucano” (1998:32).
          Entre os compositores de frevo-de-bloco mais importantes estão os irmãos Raul Moraes (1891-1937) e Edgard Moraes (1904-1973), João Santiago (1928-1985), Luiz Faustino (1916-1984), Romero Amorim (1937-), Bráulio de Castro (1942-), Fátima de Castro, Cláudio Almeida (1950-) e Getúlio Cavalcanti (1942-).
  • MADEIRA QUE CUPIM NÃO ROI

    Madeiras do ruzarinho
    Vem a Cidade sua fama mostrar
    E trás com seu pessoal
    Seu estandarte tão original
    Não vem pra fazer barulho
    Vem so dizer 
    Que com satisfação
    Queiram ou não queiram os juizes
    O nosso bloco é de fato campeão
    E se aqui estamos
    Cantando essa canção
    Viemos defender
    A nossa tradição
    E dizer bem alto
    Que a injustiça doí 
    Nos somos madeira de lei que cupim não roi.

     
     

OS MAIORES FEITOS DA HUMANIDADE NÃO ACONTECEM NOS SONHOS... FESTA DE SÃO SEBASTIÃO DE IBITIRANGA- CARNAÍBA-PE

          Os acontecimentos do dia-a-dia provam isso: as histórias vividas nas pequenas cidades, povoados, distritos ou até em comunidades de habitações distantes umas das outras, resistem ao tempo quente, frio ou tempestades, nada interrompe o curso.
Assim o ser humano é capaz de feitos incríveis, de transformar os lugares mais parados, mais calmos e muitas vezes apáticos, sem vida, numa grandiosa efervescência ou como popularmente dizemos: num formigueiro.
          Foi essa impressão que tive nesse final de semana, 26, 27 e 28 de Janeiro de 2013, visitando o nosso Distrito de Ibitiranga, ocasião que se realizava a 107ª festa do Padroeiro São Sebastião.
         Entrando na capela comecei por contemplar sua estrutura física, imponente, bela, bem cuidada, superlotada de fiéis que rogavam graças e bênçãos ao Padroeiro.                             Como se houvesse uma interlocução entre ambos o Santo parecia confirmar a sua intercessão junto ao Pai Eterno, talvez advertindo para não esquecerem o que Euclides da Cunha disse: " O Sertanejo, antes de tudo, é um forte", por isso tenham calma, agüentem mais um pouco".
          Parece mágica!
           Encerrada a celebração religiosa, ao sair na calçada da igreja, já vejo uma multidão assistindo a pirotecnia, pifeiros, banda filarmônica, cantos harmoniosos e mais para o meio da praça um sem fim de barracas cheias de gente como se não existisse estiagem, fome e sede. Uma imensa mistura com o parque de diversão, o palco de shows e daí a pouco o tempo fecha com o som de bandas que desfilam no palco como as moças bonitas desfilam na rua mostrando sua formosura, ( assim se dizia) com olhares curiosos e talvez assustados diante de tão intenso fluxo de quem vai e quem vem, como se fosse uma onda. Falando em onda, o mais impressionante nessa festa é a roda gigante que roda a noite inteira cheia de gente, ao som das bandas e na última noite amanhece o dia e segue cheia o dia todo, no pingo do sol, como se pedisse para a festa não acabar.
Tudo ali estava envolto por uma aura mágica na qual o cardápio é apimentado pelos namoros, paqueras, roçar de corpos, curtição e loucuras de música estridente e bebedeiras, adoçado de beijos e abraços fraternos na alegria do reencontro de familiares que esperam um ano para saborearem o gosto da terra. Tem até comissária de bordo que chega trazendo lembranças dos estrangeiros. Que gosto bom!
O mais gostoso dessa festa é quando chega a segunda-feira e todos acordam para o último dia com o pipocar dos fogos avisando que o fim está bem próximo. Ao meter dos pés correm para a igreja, correm para a grande procissão e correm para as barracas onde acontece o maior samba do crioulo doido. São inúmeras barracas e em cada uma o som mais alto que na outra. Ninguém escuta, ninguém se entende, todos riem, todos bebem, todos gritam... ai que loucura gostosa...
Por ali, entre um acontecimento e outro, um bêbado diz ao telefone que vai arrancar o toitiço da filha, outro dança criando uma coreografia espalhafatosa e particular, as crianças dão uma de Michael Jackson, os homens sisudos requebram esquecendo o pudor dos machos, as moças ressuscitam Luiz XV e exibem os pés em sapatos lindos e espetacularmente altos, acompanhando o modismo das pernas de fora.
Ali fico a observar e pensar: "essa festa é mesmo um multifário..."
Até ia esquecendo de lembrar a variedade de público quando vejo numa mesa dois poetas ( bons danados), noutra, políticos assediados pelos bebedores de bicadas, na minha frente um camarada se descabela ao som de A Dama de Vermelho ( eita roedeira da peste), no mais fatigante calor, casais dançando brega e forró enquanto o suor pinga, outros cochichando ao ouvido, tem até uns entrambecando de cachaça. Engraçado é ver os velhinhos de cabelos brancos passeando e observando os farristas nas barracas como se recordassem sua mocidade. Eu ví até um banguelo sorrindo pra se acabar e uma moça de bota cano alto, talvez com os pés nadando em suor. Não posso esquecer que alguém olhou de longe para um senhor de cabeleira farta dizendo que era um homem de chapéu...kkk
Preciso contar, também, que o carro que me levou serviu de guindaste para puxar outro carro que subiu e desceu numa calçada com um casal... o que estariam fazendo?
Não houve brigas, tudo na Santa Paz de Deus. Isso é legal!
Que delícia!
A Carnaibaneidade que me domina e me emociona na imensidão dessa festa, levou-me a rememorar Domingos Jacinto, Manoel de Louro, Leobino, Dona Laura, e tantos que em sua época engrandeceram essa festa e festejaram como podiam e ao mesmo tempo me fez lembrar que Carnaíba este ano completará 60 anos de Emancipação Política, em 30 de Dezembro e, como sexagenária, viu muitas festas como essa de Ibitiranga em outros recantos seus: Itâ, Roça de Dentro, Serra Branca, Lagoa do Caroá, nos sítios e na cidade, cada uma com suas peculiaridades e originalidade, sem perderem a essência, mas recebendo influências, caminhos que justificam a evolução dos tempos e a modernidade.
A cada final de festa, "ai que saudade me dá dos bate papos, do disse me disse... ai que saudade me dá."

MARIA MARGARIDA PEREIRA AMARAL DE LIRA ( Responsável pela pasta de Cultura do Município)

Carnaíba, 29 de Janeiro de 2013

 

 

 

 

 

Banda da Escola de Música encanta população de Ibitiranga

O Distrito de Ibitiranga, localizado na zona rural do município de Carnaíba, vivenciou no período de 19 a 28, a 107ª Festa de São Sebastião. 
No dia 27 (domingo), a noite foi dedicada a Prefeitura. Além das três atrações musicais, o Governo Municipal presenteou a comunidade com a apresentação da Banda Filarmônica da Escola de Música Maestro Israel Gomes, que se apresentou após a missa.
 Regida pelo o Maestro Gilson Malaquias, a Banda encantou a população com o repertório de Luiz Gonzaga. A Escola de Música foi fundada em 2005 na gestão do ex-prefeito Anchieta Patriota através do Projeto “A Música Vive”, que terá continuidade no governo de Zé Mário Cassiano.






Festa de São Sebastião em Ibitiranga é encerrada com celebração eucarística, procissão e animação nas barracas

Na manhã desta segunda-feira (28), aconteceu o encerramento das festividades em honra a São Sebastião no Distrito de Ibitiranga em Carnaíba. 
A programação teve início às 10h da manhã com a celebração eucaristia, presidida pelo o Padre, Antônio Orlando Bezerra. Em seguida, os fiéis encheram as ruas do distrito de fé e esperança, na tradicional procissão. 
 
A festa chamou atenção dos visitantes, pois mesmo com o sol escaldante, a rua principal do distrito ficou completamente lotada. A meninada brincava no parque. Em cada barraca tinha um artista diferente se apresentando.
A primeira dama do município, Marluce Freire, prestigiou o evento representando o prefeito, Zé Mário Cassiano, que se encontra em Brasília no Encontro Nacional dos Prefeitos e Prefeitas, com a presidente Dilma Rousseff. Marluce estava acompanhada do seu filho, Mário Júnior e da diretora de Cultura, Margarida Pereira; além dos vereadores Luiz Alberto e Cícero Batista.
 
Francisco Noé (Chico de Zé Noé), Vereador Cícero Batista, Mário Júnior, Marluce Freire, Vereador Luiz Alberto e Margarida Pereira. 
FLASHES NO EVENTO: 


 


 

Poetas Genildo e Alexandre Morais com a 1° Dama Marluce Freire e a Secretaria de Cultura Margarida Pereira
 
   



Três atrações animaram a Festa de São Sebastião em Ibitiranga. Banda Forrozão das Antigas foi uma delas

Forró Bom Demais;
Na noite deste domingo (27), dando continuidade aos shows da 107ª Festa de São Sebastião do Distrito de Ibitiranga em Carnaíba, o Governo Municipal, presenteou a comunidade com três atrações.
Forró Bond Demais abriu a noite, esquentando o público presente com um repertório estilizado. Logo depois, foi à vez da Banda Encanto de Mulher se apresentar, surpreendendo a todos. 
Banda Encanto de Mulher
E em seguida, fechando a noite, a banda mais esperada, Forrozão das Antigas, subiu ao palco, fazendo a galera cantar as belas canções que marcaram época.

 
 
 

Flashes na festa:

Tarcy Monteiro (cantora), Aryel Aquino (chefe editor do Blog), Fabiane Leite (cantora) e Elayne Moreno (cantora); todas da Banda Forrozão das Antigas
Segurança Mororó de Carnaíba - PE   

Tarcy Monteiro, vereador Zé Ivan, Elayne Moreno e Fabiane Leite; 
 

terça-feira, 29 de janeiro de 2013

INTRODUÇÃO
Queridos irmãos, nesta biografia de São Sebastião, mártir de Cristo, temos o objetivo, não só de narrar o desenrolar de sua preciosa existência, mas principalmente de refletirmos juntos sobre sua vida no contexto de nossos dias, buscando pontos de encontro, semelhanças, atitudes e testemunhos acontecidos entre ele e nós. Sentimo-nos alegres, pois, juntamente conosco, mais de 350 Paróquias espalhadas por esse Brasil, invocam São Sebastião como seu Padroeiro e neste mesmo dia, iniciam o novenário em preparação a sua festa, celebrada liturgicamente no dia 20 de janeiro.
Viva São Sebastião!

SÃO SEBASTIÃO - UM BATALHADOR DA FÉ
Nesta novena procuraremos responder a pergunta: "Mas quem foi mesmo São Sebastião?" E ainda: "O que ele tem a dizer a nós cristãos do Novo Milênio?" Refletindo bem, iremos perceber que a vida deste santo poderia ter se passado ontem ou hoje mesmo, aqui, no nosso Brasil ou até em nossa comunidade. Com efeito, e uma nota característica da Igreja, em todos os tempos, ser perseguida e sofrer o martírio. Nos dias atuais esta realidade se faz presente de maneira bem acentuada. Quem decide viver a fundo a opoção preferencial pelos pobres, deve estar disposto a "perder a sua vida"por causa do Evangelho.
VAMOS REFLETIR JUNTOS:
Começando a nossa reflexão, podemos dizer que não existe católico que não tenha ouvido falar, ao menos uma vez, a respeito de São Sebastião. De fato, o nosso santo padroeiro foi um cristão que se tornou famoso por sua valentia e coragem, nos primeiros tempos da Igreja. Nasceu em Narbona, uma cidade perdida no imenso império romano, que então dominava o mundo. Hoje ela ainda existe. Encontra-se no sul da França, que naquela época fazia parte da província das Gálias.
ENTREMOS NA NARRATIVA:
Diz a história que, quando Sebastião era ainda pequeno, sua família mudou-se para a cidade de Milão, bem mais próxima de Roma, que era a capital do Império. Ali morreu o seu pai, ficando o menino entregue aos cuidados maternos. A sua mãe era cristã, e isto não era tão comum naquela época, lá pelo ano 284. Os cristãos eram perseguidos como inimigos do Estado pelo fato de não adorarem aos deuses pagãos. Todos os que adotassem essa nova religião seriam aprisionados e lhes eram confiscados os seus bens.
Daí então, a mãe de Sebastião, sendo cristã, transmitiu ao filho o dom da fé cristã. Fé vivia e verdadeira que nos compromete em tudo e sempre. Assim começa a história de um santo, início de uma vida como de qualquer vida.

A PERSEGUIÇÃO
Faz muito tempo que Sebastião viveu; tantos séculos atrás, no alvorecer da era cristã. Por causa de sua vida, em conflito com a dos demais, em Roma, os cristãos começaram a ser perseguidos e Sebastião tomou uma decisão importante: iria para Roma e tentaria ajudar os cristãos de lá, confiando na sua fé e no prestígio que gozava como soldado fiel e corajoso.
Agora é que começa a segunda parte da vida do jovem oficial do império. Estamos no ano 303. Desde o ano 63, quando Nero era imperador romano, os cristãos foram quase, ininterruptamente, perseguidos. De tempos em tempos, um imperador declarava o extermínio sumário dos cristãos. Cada um deles decretava uma perseguição mais feroz do que outra. A perseguição, a que nos referimos, iniciou-se precisamente no dia 23 de fevereiro de 303 e foi ordenada pelo imperador Diocleciano com o seguinte decreto:
"Sejam invadidas e demolidas todas as Igrejas! Sejam aprisionados todos os cristãos! Corte-se a cabeça de quem se reunir para celebrar o culto! Sejam torturados os suspeitos de serem cristãos! Queimem-se os livros sagrados em praça pública! Os bens da Igreja sejam confiscados e vendidos em leilão!"
Por três anos e meio correu muito sangue e não houve paz para os inocentes cristãos!
Sebastião, logo que chegou a Roma, foi promovido a oficial. O imperador cativado pela fibra e personalidade deste jovem o nomeou comandante dos pretorianos, seus guardas-pessoais.
Um alto cargo, sem dúvida. Cargo de confiança e de influência. No exercício deste ofício, porém, Sebastião estava exposto aos perigos da corte. Sua vida talvez não corresse perigo, mas sua fé poderia ser abalada e suas convicções transformadas.
A corte era um resumo de todos os vícios e depravações existentes no Império. O próprio imperador Diocleciano, filho de escravos, conseguiu o poder às custas de assassinatos. Era de uma avareza que se tornou proverbial. Os tributos, que explorando o povo, o levaram, em pouco tempo, à extrema miséria.
Nesta vida, dois são os caminhos a seguir e que conduzem a lugares diferentes: existem caminhos fáceis, largos... que levam à perdição e existem caminhos ásperos, estreitos, íngremes... que levam à salvação.
Podemos imaginar a quantos perigos a fé de Sebastião esteve exposta. Não é só de hoje que costumamos dizer: "O mundo está perdido!"
Para o cristão, qualquer tempo é tempo de provação e de tentação. Em todo tempo, porém, é preciso perseverança na virtude da fé.
De fato, é na hora da provação que a verdade aparece transparente. É nas dificuldades que se prova até onde vai a nossa fé em que medida somos capazes de entregar a vida por alguém. O viver, a fundo, o Evangelho, é oferecer a própria vida, se isso for exigido.
Durante esse tempo de perseguição, Sebastião trabalhava na corte. Ocultava com muito cuidado sua fé cristã, não com medo de morrer, mas para cumprir melhor o seu papel: encorajar seus irmãos na fé e na perseverança, especialmente os mais tímidos e vacilantes, merecendo, com isso, o título de "auxílio dos cristãos".
Assim sendo, muitos cristãos aprisionados e temerosos de sua morte, após ouvirem Sebastião, sentiam-se revigorados e destemidos, prontos a enfrentar a tortura e a morte por amor a Cristo. Não mais os amedrontava o cárcere e a crueldade nos suplícios.
Entretanto, havia uma razão para explicar a força que sustentava os cristãos em suas provações e essa força era o amor, seguido do despreendimento, a fé e a esperança em Cristo ressuscitado. Sebastião sabia perfeitamente de tudo isso e por esse motivo passava de cárcere em cárcere, visitando e animando os irmãos a se manterem firmes na fé, mostrando que na vida, os sofrimentos são passageiros e que o prêmio reservado aos perseverantes na fé é eterno.
Sendo chefe da guarda imperial, tinha livre acesso, de entradas e saídas, sem maiores complicações. E muitos dos que ouviam suas palavras se convertiam. Foi numa dessas visitas a presos que o carcereiro e sua mulher Zoe, alguns parentes dos presos e demais funcionários da prisão, tiveram oportunidade de ouvir suas comvincentes palavras.
Conta-se que enquanto Sebastião falava, Zoe, que era muda, começou a falar. Diante desse fato, ficaram maravilhados, o carcereiro e todos os presentes e logo se dispuseram a aceitar a fé cristã, professada por Sebastião. Os cristãos estavam presos, mas não a Palavra de Deus. A Palavra do Senhor, de fato, não está acorrentada. Ela é Caminho, Verdade e Vida para todos nós!
O caminho do cárcere era escuro, mas o cristão o alumiava com a sua fé; o lugar era frio, mas ele o aquecia com suas preces fervorosas e cantos inspirados. Apesar das correntes, estava, pelo poder de Deus, livre para Ele. Na pressão esperava a sentença de um juiz, contudo sabia que estava com Deus e Ele julgaria os mesmos juízes.
Mas enquanto alguns resolvem iniciar seu processo de conversão, outros continuam tramando o mal. De fato, a perseguição sistemática do imperador Diocleciano torna-se cada vez mais violenta, exigindo dos cristãos, muita coragem e heroísmo.
Aqui acontece um fato que vem amenizar a vida dos perseguidos. O Prefeito da cidade de Roma, Cromáceo, convertido ao cristianismo, demitiu-se do cargo e começou a reunir, ocultamente, em sua casa, os recém-convertidos e, desta forma, estes não eram molestados. Ele sabia que muitos não resistiriam ao martírio, caso fossem presos. Então sugeriu que todos aqueles fossem para longe de Roma. Ali estariam protegidos da feroz perseguição. Seguiam, assim, o que Jesus havia sugerido no Evangelho: "Se vos perseguirem numa cidade, fugí para outra!"
À medida que aumentava a perseguição, os companheiros que Sebastião tinha instruído e convertido à fé cristã, iam sendo descobertos, presos e mortos. A primeira foi Zoe, esposa do carcereiro. Foi surpreendida e presa quando rezava no túmulo dos Apóstolos Pedro e Paulo. Recusando prestar culto aos deuses romanos, foi queimada e suas cinzas foram jogadas no rio Tibre, em Roma.
O sacerdote Tranquilino, por sua vez, foi apedrejado e seu corpo exposto ao ludíbrio popular. Ao resgatar os corpos dos mártires, vários amigos de Sebastião foram descobertos e presos. Entre eles se achavam: Cláudio, Nicostrato, Castor, Vitoriano e Sinforiano. Durante dias, os inimigos da fé cristã pelejaram com eles para que renegassem a fé, mas nada conseguiram. Por fim, o imperador ordenou que fossem atirados ao mar.
A perseverança é a palavra chave, reveladora do segredo e do sucesso dos cristãos. Eles redobravam suas orações e jejuns, pedindo a Deus que os fortalecesse para o combate. Mantinham-se firmes na convicção de que é Deus quem dá a perseverança e a vitória.
"Os magistrados que julgam as leis do Império, aceitem todas as acusações que se façam contra os cristãos, e nenhum apelo ou desculpa se admita na defesa dos réus!"
Como se vê, não havia absolutamente, direito de defesa... Os cristãos eram acusados das coisas mais absurdas: de incendiar casas e cidades, de comer carne humana, de querer tomar o poder e outras coisas inacreditáveis...
Sebastião já não podia continuar ocultando sua fé, por ter se tornado luz que ilumina a todos. E um dia alguém o denunciou ao prefeito, por ser cristão. O imperador também foi cientificado e recebeu todas as informações. Deixar Sebastião em liberdade representava um grave "perigo" para a cidade inteira. Então, mandou que o chamassem para ouvir dele próprio a confirmação.
Acuado e acusado de todos os lados, preparou-se o soldado cristão para assumir a sua missão. Ainda podia fugir, podia voltar atrás, mas não o fez: ficou firme em sua fé e assumiu o acontecimento iminente. Ele anunciou o Reino de Deus, denunciou a inutilidade dos ídolos da sociedade, suas injustiças e falsas ideologias, seus mitos e seus pecados. Tinha se comprometido e, por isso, agora devia pagar o devido preço.
O cristão, para ser tal, deve se assemelhar a Jesus, o servo de Javé. Sua missão é testemunhar a Palavra de Deus que é verdade, direito, justiça, paz, fraternidade e amor. Este testemunho porém, tem um preço, as vezes, muito alto: o cristão é marginalizado, rejeitado por todos, até a morte.
Sebastião percebe, no entanto, que o silêncio de Deus é somente o intervalo entre duas palavras fundamentais: Morte e Ressurreição! Ele já está pronto para responder, com seu sangue, às perguntas dos inimigos do bem e da verdade.
Revestido da cintilante couraça e ostentando todas as insígnias merecidas, Sebastião se apresenta diante do imperador que o interroga. Diante dos presentes estupefatos, confessa sua fé e diz resolutamente ser cristão. O imperador logo o acusa de traidor. Sebastião lembra que esta acusação é uma absurda mentira, pois até agora tem cumprido fielmente seu dever para com a Pátria e o imperador, protegendo-lhe a vida em muitas circunstâncias.
O imperador estava imaginando uma forma original, diferente, de executar a sentença de morte que iria pronunciar contra o seu mais fiel oficial. Mandou chamar o comandante dos arqueiros de numídia, homem originário de uma região desértica da África, onde a caça só era possível com as flechas e o incumbiu de executar a sentença capital do oficial cristão.
O imperador ordenou que amarrassem o soldado cristão a uma árvore, num bosque dedicado ao deus Apolo. Que o crivassem de flechas, mas não atingissem seus órgãos vitais, para que morresse lentamente. Assim foi feito! Com a perda de sangue e a quantidade de feridas, Sebastião desmaiou, já era tarde! Julgando-o morto, os flecheiros retiraram-se.
Alguns cristãos que haviam preparado o necessário para o enterro, foram buscar o corpo. Provavelmente subornaram os carrascos dando-lhes dinheiro para conseguir o corpo do mártir. Qual não foi a surpresa daqueles cristãos, quando perceberam que Sebastião respirava ainda. Estava vivo... Levaram-no à casa da matrona Irene, esposa do mártir. Caustulo e, com muito cuidado, foram curando-lhe as feridas.
Alguns dias se passaram, Sebastião já havia se recuperado dos ferimentos e estava disposto a ir até o fim. Não fora ele chamado "defensor da Igreja" pelo próprio Papa? Se ele a tinha defendido antes, às ocultas, agora a defenderia publicamente, para que todos pudessem escutar a defesa da Igreja, ali reduzida ao silêncio.
Chegou o dia 20 de janeiro. Era o dia consagrado à divindade do imperador. Este saiu em grande cortejo de seu palácio e dirigiu-se ao templo do deus Hércules, onde seriam oferecidos os sacrifícios de costume. Estando coroado pelos sacerdotes pagãos e pelos homens mais nobres do império, foi concedida uma audiência pública. Quem desejasse pedir alguma graça ou apresentar alguma queixa, poderia faze-lo nesta ocasião, diante do soberano.
Sebastião, com toda a dignidade que sempre o distinguiu e cheio do Espírito Santo, apresentou-se diante do imperador e, destemidamente, reprovou-lhe o comportamento em relação à Igreja. Reprovou-lhe as injustiças, a falta de liberdade e a perseguição aos cristãos. O imperador ficou estarrecido ao reconhecer naquela pálida figura, a pessoa de seu antigo oficial que o julgava morto. Tomado de ódio, ordenou aos guardas que o executassem ali, em sua presença e na presença de todos. Ele mesmo queria ter a certeza de sua morte.
Imediatamente, os guardas investiram contra ele, e o moeram de pancadas com cassetetes e com os cabos de ferro de suas lanças, até que Sebastião não deu mais sinal de vida. O imperador ordenou, então, que o cadáver do oficial traidor fosse jogado no esgoto da cidade e, assim, seria apagado, para sempre, a sua memória.
Sebastião, como todo cristão, tinha esta firme convicção: se Cristo ressuscitou, todos nós ressuscitaremos com Ele, pois, pelo Batismo, fomos incorporados ao seu corpo glorioso. A morte já não é o fim, não é o ponto final e definitivo. Ela foi superada, tornou-se apenas uma porta para a verdadeira vida!
Neste caminhar, um mistério nos ultrapassa, a saber participar da vida de Cristo, significa despojar-se de si mesmo e aceitar cooperar com sua missão essencial de salvação, que passa pela cruz e pela morte. Assim como nenhum cabelo de nossa cabeça cai sem que Ele o permita, nenhum fato ou acontecimento escapa ao seu conhecimento.
Durante a noite, um grupo de cristãos foi até o local onde o corpo de Sebastião tinha sido jogado. Os homens desceram à muralha que cercava o canal, pelo qual corria o esgoto da cidade. Com o rio Tibre estava na vazante, o corpo de Sebastião ficara preso a um ferro. Levado para a catacumba, ali foi enterrado com todas as honras as honras e veneração dos cristãos, aos quais ele tanto servira e amara.
São Sebastião, por tudo aquilo que fez e enfrentou, é um santo muito popular. É invocado como protetor contra a peste, a fome, a guerra e todas as epidemias. Mas de onde vem esta devoção?
Entre os antigos, as flechas, eram símbolos da peste pelas feridas cancerosas que provocavam. Assim sendo, a piedade cristã, sabendo que em seu primeiro martírio Sebastião havia sido sufocado por uma saraivada de flechas, escolheu-o para ser protetor contra o flagelo da peste, epidemia arrasadora, especialmente nos tempos passados, mas que ainda hoje é bastante temível.
Mas foi no ano 680, quando uma grande peste vitimara toda a Itália, que os fiéis recorreram a São Sebastião, fazendo voto de erigir uma Igreja a ele dedicada, se a peste cessasse. E a peste realmente cessou! Desde então, São Sebastião passou a ser invocado contra a peste e suas irmãs a fome e a guerra.