segunda-feira, 17 de setembro de 2012



GRUPO DE SAMBA DE COCO DAS ABELHAS

            Esse grupo de samba de coco das abelhas surgiu no final do século XIX, no seio da família Gonçalo que povoava a região do Moxotó em Custódia e o Caroá em Carnaíba.
            Os senhores João Quaresma e Antônio Gonçalo organizavam o grupo que dançava apenas de ano em ano nas festas das fogueiras, no mês de junho, visitando as casas de amidos e parentes.
            Quando o Sr. Antônio Gonçalo adquiriu um pedaço de terra no Sítio Brejo de Dentro no Município de Carnaíba, com a prosperidade da mandioca nas areias, organizou seu aviamento e, conseqüentemente, suas farinhadas.  
            Nas farinhadas grande número de pessoas eram convidados a trabalhar e outras iam apenas pela brincadeira, pois aí era o lugar propicio para conhecer pessoas, namorar, beber, comer e se alegrar.
            Animados pelas ocasiões, o Sr. Antônio Gonçalo resolveu formar um Grupo de Samba de coco e esse, composto por seus familiares, dançou pela primeira vez no seu próprio aviamento do Brejo de Dentro, mais ou menos nas décadas de 1920 a 1930.
            O povo começou a ver samba de coco como uma prática gostosa para aliviar o cançaso, enganar o sono e incentivar na produção do trabalho. Toda exaustão desaparecia ao toque do pandeiro que anunciava o inicio da pisada de coco, regado por uma cachoeira estimuladora.
            Daí, não parou mais e cada vez, o grupo crescia e era solicitado para animar as noitadas nas casas de farinha e assim foi passando de geração para geração.
            Como as farinhadas duravam de dois a três meses, o povo do Moxotó vinha se juntar ao Caroá, trabalhando, cantando e a mais famosa farinhada era no aviamento de Zé Gonçalo, nas Abelhas, onde havia as raspadeiras que mais sabiam cantar e dançar o coco.
            Ao chegar o pessoal do Moxotó eram usadas as expressões:
1.    VAMOS FOSTERAR ( andar de Aviamento em aviamento, farrando, namorando, cantando, ajudando a raspar mandioca);
2.    VENHA BOTAR CAPOTE PARA MIM (os rapazes raspam apenas a metade da batata e jogam para as moças raspadeiras que ficam reclamando, todos na brincadeira);
3.    PÉ DURO (os rapazes raspam a ponta da mandioca e jogam para as moças).
4.    VAMOS BARRER O CANTO (proposta para agilizar os trabalhos e a promessa de no final, dançar o samba de coco).
O tempo ia passando e os mais velhos sempre ensinando aos mais novos: os passos, as cantigas, o gingado excitante do coco e os serões continuaram nas farinhadas, sempre liderados pela família Gonçalo, sendo Zé Quaresma, Joaquim Gonçalves e João Rodrigues os tiradores ou  puxadores, enquanto outros, como Sebastião Gonçalves, rapaz ainda novinho, foi ouvindo, prestando atenção, aprendendo, gostando de folguedo e tratou de, com a saida dos mestres, juntar-se com seu irmão José João Gonçalo e assumiram o comando do Grupo, também como tiradores ou puxadores.
Já ensinaram aos seus filhos, netos, outros parentes e amigos que já dançavam extasiados, em rodas e requebras pela pisada do tamanco e o toque do pandeiro.
A sede do grupo é na residência do Sr. Sebastião Gonçalo e seu irmão Zé João, ainda participam, porém já pensam em passar a responsabilidade de direcionar o grupo para José Gonçalo Neto ( filho de Sebastião ) que se inicia na função de tirador e se compromete a divulgar esse legado de família, ensinando essa dança popular às próximas gerações.
Todos que brincam esse folguedo gostam mais quando se aproxima o final da apresentação, já na madrugada, na saída do Sol, suados e alvoroçados pelas tantas que a maioria bebe, e cantam assim:
Da manhã bem cedo, de madrugadinha
Vamos tirar leite da vaca mansinha
            Eita vaca!
Vaca da pastora, ta amarrada
Quando dá de manhãzinha
Que esta vaca ta zangada
Engenho de peroba gemendo
Pedindo cana, bota cana no engenho
Que o maquinista ta danado.
            Eita vaca!

E encerram assim:
O dia amanheceu, amanheceu, amanheceu
Dona de casa, adeus, adeus
Foi-se a noite, veio o dia
O samba acabou-se
O peba comeu
Amanheceu ( 3 vezes )

Nós agora vamos embora
Dona de casa vá desculpando
Se este samba não prestou,
Fica pro ano vindouro
Se todos nós vivos for...

            

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