GRUPO
DE SAMBA DE COCO DAS ABELHAS
Esse grupo de samba de coco das abelhas surgiu no final
do século XIX, no seio da família Gonçalo que povoava a região do Moxotó em
Custódia e o Caroá em Carnaíba.
Os senhores João Quaresma e Antônio Gonçalo organizavam o
grupo que dançava apenas de ano em ano nas festas das fogueiras, no mês de
junho, visitando as casas de amidos e parentes.
Quando o Sr. Antônio Gonçalo adquiriu um pedaço de terra
no Sítio Brejo de Dentro no Município de Carnaíba, com a prosperidade da
mandioca nas areias, organizou seu aviamento e, conseqüentemente, suas
farinhadas.
Nas farinhadas grande número de pessoas eram convidados a
trabalhar e outras iam apenas pela brincadeira, pois aí era o lugar propicio
para conhecer pessoas, namorar, beber, comer e se alegrar.
Animados pelas ocasiões, o Sr. Antônio Gonçalo resolveu
formar um Grupo de Samba de coco e esse, composto por seus familiares, dançou
pela primeira vez no seu próprio aviamento do Brejo de Dentro, mais ou menos
nas décadas de 1920 a 1930.
O povo começou a ver samba de coco como uma prática
gostosa para aliviar o cançaso, enganar o sono e incentivar na produção do
trabalho. Toda exaustão desaparecia ao toque do pandeiro que anunciava o inicio
da pisada de coco, regado por uma cachoeira estimuladora.
Daí, não parou mais e cada vez, o grupo crescia e era
solicitado para animar as noitadas nas casas de farinha e assim foi passando de
geração para geração.
Como as farinhadas duravam de dois a três meses, o povo
do Moxotó vinha se juntar ao Caroá, trabalhando, cantando e a mais famosa
farinhada era no aviamento de Zé Gonçalo, nas Abelhas, onde havia as
raspadeiras que mais sabiam cantar e dançar o coco.
Ao chegar o pessoal do Moxotó eram usadas as expressões:
1.
VAMOS FOSTERAR ( andar de Aviamento em
aviamento, farrando, namorando, cantando, ajudando a raspar mandioca);
2.
VENHA BOTAR CAPOTE PARA MIM (os rapazes
raspam apenas a metade da batata e jogam para as moças raspadeiras que ficam
reclamando, todos na brincadeira);
3.
PÉ DURO (os rapazes raspam a ponta da
mandioca e jogam para as moças).
4.
VAMOS BARRER O CANTO (proposta para agilizar
os trabalhos e a promessa de no final, dançar o samba de coco).
O
tempo ia passando e os mais velhos sempre ensinando aos mais novos: os passos,
as cantigas, o gingado excitante do coco e os serões continuaram nas
farinhadas, sempre liderados pela família Gonçalo, sendo Zé Quaresma, Joaquim
Gonçalves e João Rodrigues os tiradores ou
puxadores, enquanto outros, como Sebastião Gonçalves, rapaz ainda novinho,
foi ouvindo, prestando atenção, aprendendo, gostando de folguedo e tratou de,
com a saida dos mestres, juntar-se com seu irmão José João Gonçalo e assumiram
o comando do Grupo, também como tiradores ou puxadores.
Já
ensinaram aos seus filhos, netos, outros parentes e amigos que já dançavam extasiados,
em rodas e requebras pela pisada do tamanco e o toque do pandeiro.
A
sede do grupo é na residência do Sr. Sebastião Gonçalo e seu irmão Zé João,
ainda participam, porém já pensam em passar a responsabilidade de direcionar o
grupo para José Gonçalo Neto ( filho de Sebastião ) que se inicia na função de
tirador e se compromete a divulgar esse legado de família, ensinando essa dança
popular às próximas gerações.
Todos
que brincam esse folguedo gostam mais quando se aproxima o final da
apresentação, já na madrugada, na saída do Sol, suados e alvoroçados pelas
tantas que a maioria bebe, e cantam assim:
Da
manhã bem cedo, de madrugadinha
Vamos
tirar leite da vaca mansinha
Eita vaca!
Vaca
da pastora, ta amarrada
Quando
dá de manhãzinha
Que esta
vaca ta zangada
Engenho
de peroba gemendo
Pedindo
cana, bota cana no engenho
Que
o maquinista ta danado.
Eita vaca!
E
encerram assim:
O
dia amanheceu, amanheceu, amanheceu
Dona
de casa, adeus, adeus
Foi-se
a noite, veio o dia
O
samba acabou-se
O
peba comeu
Amanheceu
( 3 vezes )
Nós
agora vamos embora
Dona
de casa vá desculpando
Se
este samba não prestou,
Fica
pro ano vindouro
Se
todos nós vivos for...
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